Assalto sobre trilhos
Não, isso não é nome de filme de ação. Foi o que aconteceu hoje com um monte de gente. Só não foi comigo também, porque, como diz o amor, para coisa errada eu sou muito, muito sabida. Deixa eu contar...
Mais ou menos meio-dia eu saí de casa, lépida e fagueira, e fui pegar o metrô para ir almoçar com o amor. ( Bem... mais ou menos lépida e fagueira, pois, na verdade, estava mancando um pouco, porque me estabaquei na escada ontem e arranquei um naco da canela.)
Quando cheguei na estação Consolação, vi dois sujeitos que me chamaram atenção. Não sei se foi a energia que captei, algum sexto sentido que resolveu acordar de uma hora pra outra, mas fiquei de orelha em pé porque um deles estava com uma mão dentro da jaqueta e com a outra carregava uma pasta numa atitude que achei suspeita, tanto que cismei que ele tinha uma arma. Ele cochichou com o amigo e se afastou um pouco, enquanto o amigo ia em direção à bilheteria assim como eu. Automaticamente reduzi o passo para poder me afastar um pouco, mas não teve jeito: um deles ficou logo na minha frente na fila da bilheteria. Pensei: "pronto, só falta eles assaltarem a bilheteria na minha frente!" Tentei manter distância e só respirei aliviada quando ele comprou o passe e saiu para encontrar o amigo da pasta.
Pois bem... comprei meu passe também e quando pegamos a escada para descer para a plataforma de embarque, fui me penitenciando por ter pensado mal dos sujeitos que estavam um pouco mais adiante. "Isso é coisa que se faça, Balla? Vai que eles, coitados, são só transeuntes como qualquer outra pessoa e você fica pensando mal dos moços. Tsc, tsc! Coisa feia!" De qualquer forma, preferi não pegar o mesmo vagão que eles e segui um pouco mais adiante.
Quando o trem chegou, entrei, sentei, abri meu livrinho, comecei a ler e nem pensei em mais nada. Ao fazer baldeação na estação Paraíso, achei estranho a escada de saída não estar atulhada de gente, como sempre, mas... bem doida! Segui adiante sem pensar em nenhum porquê. Fiz a conexão com a linha azul, sentido Jabaquara, e novamente sentei e comecei a ler. Quando chegamos na estação São Judas, as pessoas desceram, eu olhei para ver onde estávamos, voltei a me concentrar no livro e só vi um tiozinho entrar atabalhoadamente no último instante antes das portas fecharem.
O tiozinho começou imediatamente a falar com os ocupantes da frente do carro e quando eu dou por mim, as pessoas estão vindo na minha direção, umas nervosas, outras meio correndo e ainda uma tia segurando uma criança de uma forma tão esdrúxula que eu não tive como deixar de perceber que alguma coisa estava errada. Imediatamente começou um zum-zum-zum de: "Assalto!Assalto!" e o tiozinho chegou até mim dizendo que eu devia desembarcar na próxima estação, pois estavam assaltando o trem. Juntei minhas coisinhas, levantei-me e fiquei na beira da porta, com todos os ocupantes do vagão. Assim que as portas se abriram, saimos depressa para a escada, que felizmente estava logo em frente.
Ao sair, olhei para o lado esquerdo e vi os dois caras que eu tinha implicado vindo na direção do vagão em que eu estava e entrando nele. Nessa hora, todos já estávamos na escada rolante, saindo correndo da estação. Até procurei algum segurança, mas como não havia nenhum no meu campo de visão, saí apressada, olhando para trás, com medo que houvesse algum tiroteio, essas coisas.
Por fim, cheguei bamba, bamba, de olhos arregalados para encontrar o amor.
Agora, depois do susto, de ter digerido melhor a situação, não posso deixar de dizer duas coisas:
1 - Nunca mais duvido de nenhum instinto que eu tenha!
2 - PUTA QUE PARIU!!! ISSO NÃO PODE ACONTECER!!! ONDE ESTÁ A MALDITA POLÍCIA, OS PESTES DOS SEGURANÇAS? COMO PODE A GENTE PAGAR TÃO CARO PARA USUFRIR DE UM SERVIÇO QUE NÃO CUIDA DA NOSSA INTEGRIDADE? COMO PODE ESSES DOIS CARAS FICAREM ASSALTANDO VAGÃO POR VAGÃO E NINGUÉM CONSEGUIR FAZER NADA?
E fico só me lembrando da tia com a criança, que, de tão nervosa, não conseguia nem andar direito...
quarta-feira, 9 de novembro de 2005
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