sábado, 22 de fevereiro de 2003

Sábado de sol
Acabei hoje de ler Caio Fernando Abreu - Cartas, organizado pelo Ítalo Moriconi. Foi um momento tão especial, que enchi os olhos de lágrimas e me abracei com o livro, chorando e pensando. Não sei... Tanta angústia, tanta esperança. Tanto dissabor, tanto desamor e, ainda assim, um amor enorme pela vida. A insegurança que ele confessa me permitiu perceber que não sou só eu que não tenho todas as respostas (e que nem precisamos tê-las), que dragões ou leões a gente mata todo dia, lutando consigo mesmo. Que viver é chorar, sentir-se inteiro, ser absurdo. E rir, brincar, amar, sofrer.
Fiquei pensando em mim e em meus amigos. A maioria de nós tão sós, buscando e acreditando em um amor redentor, na entrega, e tendo esperança de dias melhores. Talvez não percebamos que passaremos a nossa vida assim, sonhando, para vermos que a vida é isso mesmo e que ao longo dos dias e anos só iremos repetir, de forma diferente, todas as dores e alegrias de buscas vãs e amores passageiros. Que somos e seremos sempre incompletos, sempre mendicantes de afeto, de corpos e suores, para mitigar a dor de viver. Mas, teimosos que somos, ainda assim, acreditamos que os sonhos, quando se realizam, mesmo que temporariamente, sempre valem a pena ser vividos.

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