sexta-feira, 19 de outubro de 2007

LABUTA
Arre! Não são nem 11 da manhã e já tô com a língua de fora de tanto correr. Prepara material de reunião, fecha buffet para festa de fim de ano, atende Secretaria do RN, resolve um pepino interno, melhora fluxo de comunicação, decide sobre um prestador de serviço e fuma um cigarrinho entre uma coisa e outra para as idéias se encaixarem melhor na cachola. E seu eu descobrir quem disse que funcionário público não trabalha, enfio a peixeira no bucho!
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Agora sério: realmente a máquina estatal parece mais um bicho pré-histórico, daqueles bem lentos e pesadões. É um sacrifício enorme fazer com que ela se mova um passinho sequer. Se tiver que mudar de rota, então... um parto! Tudo é muito complicado, burocrático, demanda muitas ações, é bastante setorizado. Dizem que isso serve para evitar fraudes e coisas do gênero, porque o processo dividido entre muitas pessoas, cada uma cuidando de uma etapa, facilita a fiscalização. Afinal, eles são responsáveis por administrar os recursos bancados pela população.
De minha parte, eu continuo achando isso uma burrice tamanha, porque a presteza, a eficácia e a eficiência sofrem com essa morosidade pública. Acho que se tivesse a boa e velha cenoura (à frente e atrás, estimulando e ameaçando, como é na iniciativa privada), a coisa andaria mais rápido. O problema é que o sujeito que entrou nesse sistema há 25 anos por meio de um concurso, sem um plano de carreira, que vê entrar e sair governo (realizando os desmandos mais absurdos, em alguns casos) e ele continuar sentado na mesma cadeirinha, fazendo as mesmas coisas, sem ninguém poder mandá-lo embora por conta da tão propagada e famigerada estabilidade, não tem nenhum interesse em mudar nada.
Os casos raros são aquelas pessoas iluminadas que conseguem se auto-motivar, procurando mudanças e novos desafios, que graças aos céus, milagrosamente, existem. Entretanto, ficar na dependência disso, dessas exceções, é, pelo menos pra mim, motivo de exasperação. Acho que o sistema de contratação do serviço público tem que mudar radicalmente. Tem que poder mandar passear, sem muitas delongas, aqueles que não agem, não são capazes de cumprir com suas obrigações. Tem que funcionar que nem uma empresa. A meritocracia tem que ser estabelecida.
O funcionário público tem que ser responsável, legalmente, pela boa execução do seu trabalho. O serviço público tem que ser realizado por pessoas competentes, que ganhem salários bons, compatíveis com o mercado. Essas pessoas tem que ter oportunidade de crescimento, de valorização, têm que ter estímulos para realizarem um bom trabalho, porque o tempo do paletó na cadeira já tá mais do que na hora de acabar.
Só tem um porém... Nada disso vai adiantar, se os pestes dos políticos continuarem nomeando seus apadrinhados para os cargos de direção. Tem que ter alguma trava nesse sentido também, alguma exigência técnica para exercer os cargos mais altos. Para que a empresa governamental funcione direito.

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