domingo, 13 de junho de 2004

Causo de jornalista
Um dia, Frias Filho (é, aquele todo-poderoso da Folha mesmo, quando ainda não era tudo isso)ouviu um telefonema de Cláudio Abramo (um jornalista excelente, marxista, durante muitos anos diretor de redação da Folha, perseguido pela ditadura) a Delfim Neto, o então Ministro da Agricultura do presidente Figueiredo (o último milico a ocupar o poder, para quem não lembra), com quem tinha boas relações devido à origem italiana de ambos. Na conversa, Abramo incitava Delfim a convencer o governo militar a invadir a Bolívia e o Chile para que o Brasil estendesse seu território até o pacífico.
- "Pense historicamente, ministro: não há potência mundial que não tenha saída para dois oceanos", falava Abramo com a maior seriedade.
- "Mas, Cláudio, para que isso? Você não pode ter falado sério." - Frias Filho perguntou após Abramo ter desligado.
- "Como as nossas Forças Armadas são muito ruins, o Brasil será derrotado, o que provocará a queda da ditadura e a abertura de uma crise revolucionária. Deveremos perder uns 200 mil soldados, mas o que se há de fazer?"

(fonte: Notícias do Planalto de Mário Sérgio Conti, pág. 319)

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