quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Parêntesis
Como no último post eu me referi a quem compra DVDs piratas, acho que vale a pena me posicionar sobre este assunto. Não, eu não compro. Sim, eu já comprei, mas não compro mais. E o porquê dessa mudança de atitude é fácil de explicar.
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Pra começo de conversa, vamos deixar claro que eu sou super a favor da disseminação da cultura, que eu também acho um absurdo o preço da entrada nos cinemas e das lojas de DVDs e CDs e que eu sei que essas cópias piratas são, às vezes, a única forma da grande maioria da população ter acesso a filmes, seriados e músicas. Também sou a favor da troca de arquivos pela internet, já que é uma rede pública de transmissão de dados e não tenho nada contra quem baixa os seus arquivos para uso pessoal.
Eu sei ainda que essa polêmica que tá rolando ultimamente, envolvendo até o Ministro da Cultura, sobre o filme Tropa de Elite estar a semanas sendo comercializado nas ruas e sua estréia já ter sido antecipada duas vezes, foi a melhor coisa que aconteceu para o Sr. Padilha, diretor da tal película, que não cansa de espernear e reclamar como um bebê chorão. Sim, o filme não poderia ter publicidade melhor, tamanha repercussão e despertar tanto interesse se não houvesse sido pirateado.
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Entretanto, vamos deixar de ser pontuais e pensar num contexto maior. Vamos fazer um exercício simples e tentar esmiuçar um pouco este problema. É o povão que não tem grana pra ir ao cinema e compra filme pirata que está errado? Não. É o pobre coitado do camelô, que vende lá na rua, o vilão dessa história? Não. É quem baixa o filme da internet e faz as trocentas mil cópias que deve ser punido? Às vezes sim, às vezes não. Sabe por quê? Porque ao meu ver o maior problema da pirataria está em quem financia esse mercado.
O culpado e o errado é quem compra os equipamentos, quem fornece a matéria prima, quem planeja a distribuição. E, ao que tudo indica, quem faz isso são os mesmos envolvidos com o financiamento do crime organizado, do tráfico de entorpecentes, do terrorismo. Não se enganem: a fonte é a mesma. A pirataria é somente o novo ramo comercial destes caras que estão por aí desde antes, que encontraram um novo e mais barato meio de conseguir expandir seus negócios.
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Outra coisa: acho uma sacanagem eu ver o meu pobre dinheirinho tão mirrado ir embora voando, logo no início do mês, ao pagar contas que embutem impostos monstruosos enquanto esses caras ganham fortunas sem contribuir em nada com a melhoria da sociedade. Nem vamos entrar no mérito aqui da má administração destes impostos nem da corrupção que assola não só o nosso país mas o mundo inteiro.
O fato é que existem obrigações que são próprias do Estado e a forma de angariar recursos para o cumprimento delas é arrecadar estes impostos que eu pago, você paga, mas a indústria da pirataria não. E sim, o argumento do malfado cineasta de Tropa de Elite tem fundamento quando ele fala que a compra destas cópias piratas não gera retorno algum em forma de imposto e prejudica a produção de outros filmes melhores que este.
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Eu sei que quando a gente aponta um problema e não traz junto uma solução acaba somente por contribuir com este problema, mas eu realmente não sei aqui o que poderia sugerir pra resolver essa questão. O que eu sei somente é que acredito naquela metáfora do passarinho levando a gotinha de água no bico para apagar o incêndio da floresta e, por isso, já que eu posso, vou fazer minha parte e não incentivar ainda mais essa indústria.

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